quinta-feira, 6 de junho de 2013
O que significa “estar ruim da bola”? - DICA DE CONCORDÂNCIA Com o verbo CUSTAR - Dicas de Português, Dúvidas de Português, Língua Portuguesa, Matéria Português.
Você sabe o que significa ‘estar ruim da bola’?
VOCÊ SABE…
…o que significa “estar ruim da bola”?
Se você imaginou que eu estaria disposto a falar do atual estágio do futebol brasileiro, enganou-se. Não preciso “estar ruim da bola” para perceber que os nossos “craques”, no momento, andam meio “ruins de bola”. Mas…isso é um outro problema.
Não quero falar da bola bola, do esférico como dizem nossos irmãos portugueses. A “bola” a que estou fazendo referência é a cabeça. “Ruim da bola” é uma expressão de gíria muito antiga, que significa “estar ruim da cabeça, meio louco, meio tonto, meio bobo”.
E aqui é que está a surpresa. Segundo o jornalista, antropólogo e pesquisador J.B.Serra e Gurgel, autor do ótimo e seriíssimo Dicionário de Gíria, a palavra “bola” aparece registrada como gíria, ou seja, significando “cabeça”, em 1712.
Segundo o mesmo dicionário, existem várias expressões de gíria ainda conhecidas hoje que nasceram num passado muito distante. Vejamos alguns exemplos com sua data de registro:
1759 – cara de lua cheia, cara de fuinha, franzina, fedelho, festa de arromba, levar uma tunda, nariz de cera, ninharia, sonso, zorra…
1903 – cantar (conquistar com galanteios), canudo (diploma), enrabichar (apaixonar-se), galinha (mulher sapeca), gostosa (mulher bonita), lábia (astúcia), sapeca (namoradeira)…
1912 – dar um beiço (não pagar), bobo (relógio), mina (mulher), otário (bobo), patota (grupo), pisante (sapato), talagada (gole de aguardente), zoeira (barulho)…
1920 – bocó (palerma), cafundó (lugar muito retirado e deserto), jururu (triste), pamonha (pessoa apalermada), pancada (maluco), pileque (bebedeira), sabão (repreensão)…
1953 – abacaxi (coisa que só dá trabalho), birosca (tendinha ordinária), dar o maior bode (problemão), gaita (dinheiro), leão de chácara (vigia, segurança), tapado (estúpido), uva (mulher bonita), xaropada (coisa enfadonha)…
1959 – barbada (jogo fácil), calhambeque (carro velho), cambito (pernas finas), galinhagem (libertinagem), jujuba (bala de goma), parrudo (forte, gordo), xodó (predileção amorosa)…
O mais incrível é tomar consciência de que palavras que povoaram minha juventude não eram tão jovens como eu imaginava.
A verdade é que muitas palavras e expressões usadas hoje em dia como gíria “atual” foram criadas por nossos avós.
DICA DE CONCORDÂNCIA
Com o verbo CUSTAR:
É unipessoal. Só deveria ser usado na 3a. pessoa do singular.
“Francamente, CUSTEI a me acostumar e até achei o conjunto um pouco feio.” Embora usual, essa forma não segue rigorosamente a tradição gramatical. O correto seria “custou-me”, mas isso não é comum na fala dos brasileiros. Podemos substituir por outras formas: “Francamente, FOI DIFÍCIL eu me acostumar …”
Não esqueça que, quando o sujeito for “oracional”, o verbo deve concordar no singular: “CUSTOU-me perceber a verdade”; “CUSTA a nós aceitar essas condições”; “No Vestibular, BASTA conseguir três mil pontos”; “É NECESSÁRIO convocar onze craques para poder sonhar com a Copa”.
CRÍTICAS DOS LEITORES
“Cheques sem fundo” e “Vale à pena”.
O nosso sempre atento leitor tem razão mais uma vez.
O cheque é sem fundos. Fundo se refere à profundidade: “Era possível ver o fundo do mar”. Quando nos referimos a “bens, dinheiro, reservas”, aí estamos falando de fundos.
Alguma coisa só vale a pena se for sem o acento grave indicativo da crase. O verbo valer é transitivo direto, isto é, não exige preposição. Isso significa que a crase é impossível. Temos apenas o artigo definido “a”. Vale a pena da mesma forma que vale o sacrifício.
DESAFIO
Que significa trimensal?
a) três vezes no mês;
b) de três em três meses;
c) de seis em seis meses.
Resposta:
Letra (a) = tri (=três) + mensal (=por mês).
De três em três meses é trimestral; e de seis em seis meses é semestral.
DÚVIDA DO LEITOR
“Posso construir uma frase colocando a conjunção no final, como em ‘…estava magoado, entretanto”? E se a linguagem fosse poética, poderia?”
É claro que pode. Nada contra.
A crítica que poderíamos fazer é contra certo vício que, volta e meia, ouço por aí. É a desgraça do “no entretanto”, que deve ser uma mistura de entretanto com no entanto. Mistura inaceitável, embora sejam conjunções adversativas. São sinônimas de “mas, porém, contudo, todavia”.
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