terça-feira, 14 de maio de 2013
DEFENSIVOS AGRÍCOLAS - Biologia - Trabalho Escolar
DEFENSIVOS AGRÍCOLAS
O combate às pragas da lavoura, indispensável para assegurar a integridade das colheitas, pode acarretar efeitos negativos quando realizado com emprego inadequado de defensivos agrícolas. Entre as piores conseqüências do uso desses produtos se enumeram a agressão ao meio ambiente, a contaminação de alimentos, prejuízos para a saúde de quem os manipula e a imunização progressiva aos agrotóxicos dos seres vivos que se pretende eliminar, o que acaba por exigir o emprego de drogas cada vez mais potentes e em quantidades maiores.
Defensivos agrícolas são substâncias ou misturas, naturais ou sintéticas, usadas para destruir plantas, animais (principalmente insetos), fungos, bactérias e vírus que prejudicam as plantações. Enquadram-se em várias categorias: germicidas, que destroem microrganismos patogênicos e embriões; fungicidas, que eliminam fungos e fungões; herbicidas, que combatem as ervas daninhas que brotam no meio de certas culturas e prejudicam seu desenvolvimento; raticidas; formicidas; cupinicidas e outros.
Histórico. Já no neolítico, cerca de 7.000 anos a.C., procedia-se à seleção de sementes de plantas mais resistentes às pragas agrícolas. Os profetas do Antigo Testamento mencionam nuvens de gafanhotos que destruíam lavouras inteiras, como a que se abateu sobre as margens do Nilo no século XIII a.C.. Mas somente a partir dos séculos XVI e XVII começaram os estudos científicos das pragas e dos meios de combatê-las. O primeiro combate em larga escala a obter sucesso foi o realizado na Europa, na década de 1840, contra o míldio, fungo que ataca os brotos das videiras.
Em 1942, o patologista suíço Paul Müller descobriu as propriedades inseticidas de um composto organoclorado já sintetizado em 1874, e que passou a ser conhecido como DDT. Pesquisas com gases venenosos, realizadas pelos alemães durante a segunda guerra mundial, levaram à descoberta de inseticidas ainda mais poderosos, os compostos organofosforados. Data daí a ilusão de que se poderia usar inseticidas cada vez mais enérgicos e deter para sempre o avanço das pragas. Na verdade, não se levou devidamente em conta dois obstáculos: a possibilidade de que as próprias pragas desenvolvessem defesas naturais -- e a cada ano aumenta o número de pragas resistentes a todos os defensivos conhecidos; e os danos ao meio ambiente, que acabam por afetar o homem.
Classificação. Os defensivos agem por contato, envenenamento ou asfixia. Podem ser de origem vegetal, animal ou mineral, ou ainda produtos orgânicos de síntese. Dentre os inseticidas de origem vegetal destacam-se alcalóides de veratrina, anabasina, nicotina e nornicotina, piretrinas, rianodina e rotenona. Os de origem animal incluem as toxinas elaboradas pelo Bacillus thuringiensis. Os inorgânicos ou de origem mineral, muito usados até a década de 1950, incluem cloretos de mercúrio, arseniatos de chumbo, de cálcio, de sódio, e de alumínio, acetoarsenito de cobre, arsenito de sódio e de bário, criolita e selênio.
Os defensivos orgânicos de síntese abrangem os seguintes conjuntos: organoalogenados (DDT, BHC, lindano, clordane, heptacloro, aldrin, dieldrin, endrin etc.); organofosforados (azinfos, malation, paration, forato, oxidemetonmetilo etc.); sulfonas e sulfonatos (tetrasul, tetradifon, fenizon etc.); e os carbamatos (carbaril, isolane etc.).
Aplicam-se geralmente por pulverização por meio de equipamento apropriado, desde pequenas bombas manuais até grandes aspersores utilizados em aviões, que cobrem grandes plantações. O arseniato de chumbo é usado para proteger árvores frutíferas, sobretudo macieiras. A retenona é muito utilizada no Brasil, embora esteja proibida em quase todos os países desenvolvidos -- como também o DDT, o BHC, o paration e cianetos. Como aqueles países, o Brasil possui toda uma legislação que regula o uso e a venda desses produtos, mas como seu cumprimento é pouco fiscalizado, essas leis quase nunca são obedecidas.
Os defensivos de contato são usados contra insetos transmissores de doenças infecciosas. Para tratamento em grande escala, nuvens de DDT são lançadas de avião. O DDT também é usado como inseticida doméstico, assim como a popular naftalina.
Fungicidas. Produtos especialmente ativos, que destroem os fungos ou impedem seu crescimento, os fungicidas são aplicados nas folhas e frutos em crescimento, nas frutas colhidas, nas sementes e no próprio terreno a ser cultivado. A aplicação é feita principalmente por aspersão, em máquinas geralmente puxadas por trator. Muitas vezes os fungicidas são misturados com cal e pulverizados. No caso de fungos que atacam as raízes, o solo é tratado com matérias voláteis líquidas.
Sementes, frutas, madeiras e produtos têxteis também exigem proteção contra a ação dos fungos, sobretudo em regiões de climas com teor de umidade elevado. Os dormentes de estrada de ferro, por exemplo, são protegidos por soluções de creosoto e outros produtos sintéticos.
Germicidas. São substâncias químicas suficientemente fortes para matar os germes por contato. Os anti-sépticos inibem o crescimento das bactérias; os desinfetantes matam os microrganismos produtores de moléstias.
Cuidados. A utilização de determinados produtos tem evitado a propagação de parasitas perigosos e favorecido o combate a portadores de endemias sérias como a malária. No entanto, como seus efeitos não podem ser circunscritos à área de aplicação, e se fazem sentir em toda a natureza, devem ser aplicados com parcimônia e orientação técnica. Às vezes o homem, na ânsia de solucionar o problema, desequilibra sistemas biológicos inteiros e acaba agravando situações que pretendia remediar. Os defensivos podem destruir conjuntamente pragas e insetos benéficos, sobretudo devido à tendência de se tornarem mais resistentes os nocivos. Um fato ocorrido no Brasil, na década de 1980, veio comprovar esse risco. Ao se tentar erradicar a lagarta da soja com aplicação em massa nas grandes plantações, eliminou-se também seus predadores naturais.
Os resíduos de defensivos também provocam contaminação em nível planetário, como se verificou na Antártica, onde foram detectados vestígios de DDT em focas e pingüins. Os compostos organoclorados também têm efeito altamente prejudicial sobre animais, mesmo quando o contato não é direto. Em certos lagos dos Estados Unidos, a reprodução de trutas cessou por completo e a mortalidade entre alevinos atingiu níveis de cem por cento. Os organoclorados agem sobre o sistema nervoso e modificam atividades metabólicas, podendo assim favorecer a proliferação do câncer.
Para fazer face a todos esses problemas, os centros mundiais de pesquisa buscam soluções no campo do controle biológico, mediante a criação e disseminação de machos esterilizados. Embora sexualmente potentes, esses insetos são estéreis, de modo que os ovos postos pelas fêmeas são estéreis também. Outra alternativa é o emprego de genes letais, que provocam o nascimento de animais assexuados, ou uma predominância de machos, de modo a reduzir as oportunidades de acasalamento e assim diminuir a população de insetos. Um terceiro caminho é a pesquisa e identificação de odores capazes de atrair as pragas, em busca de alimento ou de sexo, e eliminá-las. Pode-se também disseminar na natureza certos produtos químicos cuja ingestão esteriliza os insetos, mas esse método acarreta perigos para os mamíferos e para o homem.
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